ATANAGILDO BARATA RIBEIRO
Bisavô de José Silvio Leite Jacome
Guarda-marinha
em 04 de dezembro de 1866
Sesquicentenário
de formatura em 04 de dezembro de 2016
Preso político
na ditadura do Marechal Floriano Peixoto
Hábito da Imperial Ordem da Rosa, no grau de
Cavaleiro
Alto Valor e Constância da República da Argentina
Medalha da Campanha do Paraguai
Comandos
Diretor das Construções Navais do Arsenal da
Província de Mato Grosso
Diretor Interino das Construções Navais do Arsenal
da Província de Pernambuco
Prisão:
“No dia 30 de janeiro de 1894, no momento em que
saia de minha residência para os afazeres cotidianos, fui intimado por um
valdevinos, dos muitos que desempenhavam então o papel de policias secretas
desta Capital, a comparecer na Polícia, para explicações que de mim desejava
receber o chefe dessa repartição. A Capital, como grande parte deste pais,
estava nessa época em estado de sítio, sob pretexto da revolução levantada a 6
de setembro desse ano(1893) pela nossa marinha de guerra contra a série de
atentados à Constituição da República praticados pelo pseudochefe do poder
executivo o Marechal Peixoto. Segui portando o meu intimante, sem lhe pedir
explicação alguma sobre tal intimação, acompanhado por um filho meu, de doze
anos de idade, de nome João dos Santos Ribeiro, o qual achava-se na ocasião em
minha companhia. Chagando à Polícia, quis mandar o menino para casa;
impediram-me de assim proceder, alguns esbirros, ponderando-me que havia ordem
de prisão contra ele também. A 17 de setembro de 1894, depois de passar e ver
passar, durante sete e meio longos meses, por toda sorte de sofrimentos, fui
finalmente posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal, ao qual
havia requerido habeas-corpus dias antes. Foi então que tive ensejo para
completar este trabalho”. Esta trabalho é o livro “SONHO NO CÁRCERE”, editado
em 1895.
HÁBITO DA
IMPERIAL ORDEM DA ROSA
GRAU DE
CAVALEIRO
O
seu desenho foi idealizado por Jean-Baptiste Debret que, ter-se-ia
inspirado nos motivos de rosas que ornavam o vestido de D. Amélia ao
desembarcar no Rio de Janeiro. A ordem premiava militares e civis, nacionais e
estrangeiros, que se distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador e
por serviços prestados ao Estado, e comportava um número de graus superior às
outras ordens brasileiras e portuguesas então existentes.
O Oficial da Armada Imperial e Engenheiro Construtor Naval, Atanagildo Barata Ribeiro, cita em seu livro “Sonho no Cárcere, escrito na prisão em 1894, e editado em 1895 pela Casa - Mont’ Alverne, o seguinte louvor ao Monarca D. Pedro II, o maior estadista que o Brasil já teve”
“As revoluções... são
sempre o procduto genuíno dos mais nobres sentimentos, brado legítimo de
protesto contra as mais nefastas tyrannias...Foram dellas que nasceram as
sábias reformas procdutoras dos progressos humanos... e as Constituições, que
robusteceram os organismos populares...foi por sua vez dellas que se originaram
todas as tyirannias e foi também de seu seio que foram atirados à face
das Nações os monstros executores de attentados e crimes que tem
enlameado certas épocas da história da humanidade!...nasceram as inquisições e
anarchismos, que tem depauperado os organismos populares...
O Brazil nunca passou
nem está passando por uma revolução popular; mas tão somente por uma
fermentação do gênero destas, e conseqüentemente das mais nocivas ao seu
desenvolvimento material e moral!..Se este povo, portanto, manteve-se com
certa decência affectando virtudes que não possuía ou comprehendia foi devido à
superioridade de espírito do Monarca, que pelo facto casual, mas para elle desastrado,
de ter n’este, deserto da América do sul, teve a loucura de dedicar-lhe uma
existência inteira de affectos, trabalhando para o seu progresso e felicidade,
ensinando-lhe o caminho da honra pelo exemplo da mais ilibada probidade e pelo
exercício das mais acrisoladas virtudes!
Esse estado de
coisas, porem não podia durar muito. Os soffrimentos desse nobre ancião,
obrigando-o a ausentar-se da Pátria por longos períodos de tempo, foi pouco a
pouco entregando este povo aos seus próprios instinctos...à futura Imperante,
que infelizmente ainda não detinha as energias necessárias a que tem o dever de
assumir tão culminante posição social... Enfraquecido pela moléstia... o
desrespeito a esse direito foi a porta aberta a todos os abusos, a todas
as offensas à Lei e à Justiça...foi então que até os Ministros da Regência
começaram a commetter actos que se não peccavam francamente deshonestos,
causavam pelo menos esse geral reparo e indignação que soem attrahir sobre si
as acções governamentaes a que deichou de presidir toda lisura.
Foi então que os
Corpos Militares, que tinham a pretensão de representar a supremacia nacional e
de serem seus únicos deffensores, começaram também a se impor aos governos...
das mais absurdas exigências ao poder público... foi abdicando vergonhosamente
de suas prerrogativas, com grande prejuízo para sua força moral...Há muito
finalmente que o abuso de uma mal definida liberdade, habituando o
povo...impellira-o insensível e fatalmente ao estado de anarchia, para
repressão da qual torna-se quase sempre indispensável aos governos adoptar o
funesto e selvagem regimem do despotismo!
Foi n’esse estado
geral de exarcebação de espíritos, que foi chamado para tomar conta das rédeas
do governo um dos nossos mais illustrados estadistas, o Exmo. Sr. Visconde de
Ouro Preto. Para tanto sobravam-lhe certamente o prestigio que lhe davam seus
ennumeráveis serviços públicos e a robustez de sua intellectualidade e
conhecimento, os quaes o haviam imposto à Coroa para tão culminante posição
social; e sobravam-lhe ainda a energia que emana da consciência de uma vida
dedicada ao exercício de todas as virtudes cívicas; mas faltavam-lhe por sua
vez o machiavelismo e a calma, indispensáveis para o estabelecimento da única
força que poderia então abafar os desmandos da época - a temporização.-
Ouro Preto não era,
portanto, o estadista talhado para aquelle período de effevercência moral.
Abafar o problema
social que se ia avolumando, por uma solução ao prompta ao problema
financeiro que o havia despertado, devia ser e foi incontestavelmente o
primeiro cuidado d’esse notável estadista.
Era, porem,
tarde demais.
O pequeno núcleo de
republicanos que existia, não podia deixar passar o momento feliz da
fermentação que se elaborava no seio do povo, e que procurava robustecer
insuflando contra os governos as iras das guarnições militares d’esta Capital.
Entre elles, alguns desejavam, é certo, a república pela república, mas
queriam-na feita pelo povo, e quando pela marcha natural dos acontecimentos
terminasse o segundo reinado: são os ainda perfeitamente reconhecíveis pelos
paletós surrados com que os veio encontrar este- novo estado de coisas- a que
outros que almejavam-na pelo amor ao poder e aos cofres da nação
denominaram impropriamente de “República”- esses illustres desconhecidos de
todos os tempos e de todos os partidos, e actualmente os homens notáveis, os
influentes políticos, os capitalistas da época, esses enfim, que a queriam a
todo transe, mesmo quando, levantada como foi, sobre a lápide ensangüentada do
brasileiro que mais amor e sacrifícios dispensou a este país, - o Sr. D. Pedro
de Alcântara...O movimento de 15 de novembro de 1889, portanto, que só fora
combinado para derribar um ministério que havia incorrido no desagrado da força
armada, não podia parar n’isso, e por isso que não satisfazia as ambições dos
pregadores d’esses direitos e liberdades populares!
Era mister banir na Nação, aquelle que sem se ter jamais intitulado-
guarda do thesouro- não permittia contudo que o assaltassem, pela força que
resultava de sua ilibada conduta e de suas virtudes cívicas...Estava
triunphante a almejada república dos... novos guardas do thesouro, dos
restauradores, enfim, da fortuna pública!
Deodoro era o
seu presidente, dirigia-lhe os Negócios do Interior o immortal Aristides Lobo;
Bocayuva e Glycério retalhavam o corpo d’este excelso gigante e outros
finalmente sugavam-lhe o sangue!...Desde a queda da dictadura Deodoro, que se
converteu o governo em verdadeira Calamidade Nacional, merecendo portanto, não
só a execração pública, mas a todo o mundo civilizado!
O regimem do
despotismo iniciado pela usurpação do cargo de Presidente da República, e aliás
sanccionado por uma câmara de inconscientes, continuou sua marcha triumphal
pelos Estados, com exclusão do Estado do Pará, derrubando a ferro e fogo,
Governadores, Constituições e Corpos Legislativos e Judiciários e accentuou-se
mais desfaçadamente reformando, ao primeiro brado de indignação, os treze
Officiaes Generaes do Exército e Marinha, authores d’elle, e
deportando-os mais tarde, conjunctamente com alguns representantes da Nação (10
de abril), sob pretexto de uma revolução que “coube toda n’um bond”, como tão
bem a definiu o Senador Dr. Ruy Barbosa.
Pouco depois explodiu
a heróica Revolução do Rio Grande do Sul, e por último a da Esquadra em 6 de
setembro de 1893, que determinou o contínuo estado de sítio, durante o qual se
desenvolveu a série de attentados de que o público só teve uma noção vaga, por
terem sido as folhas que criticavam o Governo, ou suspensas, ou reduzidas a
publicarem somente o que lhes permittisse a Polícia; e só ficarem campeando as
únicas mantidas pelo erário público para endeosarem os crimes do Governo! ”
EXEMPLO DE UMA DITADURA
ASSASSINATO,
PRISÃO POLÍTICA
E NOMEAÇÃO ESPÚRIA
Marechal
de Campo Manuel de Almeida da Gama Lobo d'Eça.
Barão
com Grandeza de Batovy.
Nasceu no
Desterro em 15 de abril de 1828 e faleceu no Desterro em 24 de abril de 1894
assassinado por fuzilamento a mando do Marechal Ditador Floriano Vieira
Peixoto.
Foi um Militar que participou com
distinção e na Guerra da Tríplice Aliança. Em 1891, já na República, foi
graduado no posto de Marechal de da Guerra do Paraguai, além de ter sido
presidente da província de Mato Grosso entre 7 de maio de 1883 a 13 de setembro
de 1884, nomeado por carta imperial de 31 de janeiro de 1883. Nesta função foi
sucedido pelo Marechal Floriano Peixoto. Lutou nas guerras do sul, na Campanha
contra Rosas, na luta contra Aguirre Campo e voltou para a sua terra natal.
Envolveu-se na Revolução Federalista e, por conta disso, foi preso e
sumariamente fuzilado a mando do então presidente e antigo amigo Floriano
Peixoto, na Fortaleza de Anhatomirim. Casou-se com Ana Pereira da Gama. Tiveram
um filho que se chamou Alfredo de Almeida da Gama Lobo d’Eça que nasceu em 1860
e faleceu em 24 de abril de 1894 junto com o pai, ou seja, também assassinado
por fuzilamento a mando do Marechal Ditador Floriano Vieira Peixoto.
Títulos nobiliárquicos e honrarias
Foi comendador da Imperial Ordem da
Rosa e da Imperial Ordem de São Bento de Avis, além de oficial da Imperial
Ordem do Cruzeiro. Barão de Batovy com honras de Grandeza: título conferido por
decreto imperial em 28 de agosto de 1889. Faz referência ao antigo povoado
gaúcho de São Gabriel do Batovi, mais especificamente de uma coxilha ou cerro
chamado Batovi, devido aos seus préstimos militares na região.
CAPITÃO-TENENTE
ATANAGILDO BARATA RIBEIRO
Guarda-marinha em 04 de dezembro de
1866
Sesquicentenário de formatura em 04
de dezembro de 2016
Preso político
na ditadura do Marechal Floriano Peixoto
Cronologia de vida do Capitão-tenente Atanagildo
Barata Ribeiro
Carreira:
Aspirante a Guarda-marinha em 27 de fevereiro de 1864
Guarda-marinha em 04 de dezembro de 1866
Segundo-tenente em 05 de março de 1868
Primeiro-tenente em 05 de janeiro de 1872
Reforma em 28 de fevereiro de 1881
Capitão-tenente em 04 de abril de 1898
Comissões:
Vapor Transporte Princesa de Joinville
Encouraçado Tamandaré
Encouraçado Herval
Canhoneira Vital de Negreiros
Corveta Nicterói
Corveta Vital de Oliveira
Vapor Magé
Vapor Ipiranga
Transporte Marcílio Dias
Encouraçado Cabral
Flotilha do Amazonas
Comandos:
Diretor das Construções Navais do Arsenal da Província
de Mato Grosso
Diretor Interino das Construções Navais do Arsenal da
Província de Pernambuco
Medalhas e Condecorações:
Hábito da Imperial Ordem da Rosa,
no grau de Cavaleiro
Alto Valor e Constância da
República da Argentina
Medalha da Campanha do Paraguai
Prisão:
“No dia 30 de janeiro de 1894, no
momento em que saia de minha residência para os afazeres cotidianos, fui
intimado por um valdevinos, dos muitos que desempenhavam então o papel de
policias secretas desta Capital, a comparecer na Polícia, para explicações que
de mim desejava receber o chefe dessa repartição. A Capital, como grande parte
deste pais, estava nessa época em estado de sítio, sob pretexto da revolução
levantada a 6 de setembro desse ano(1893) pela nossa marinha de guerra contra a
série de atentados à Constituição da República praticados pelo pseudochefe do
poder executivo o Marechal Peixoto. Segui portando o meu intimante, sem lhe
pedir explicação alguma sobre tal intimação, acompanhado por um filho meu, de doze
anos de idade, de nome João dos Santos Ribeiro, o qual achava-se na ocasião em
minha companhia. Chagando à Polícia, quis mandar o menino para casa;
impediram-me de assim proceder, alguns esbirros, ponderando-me que havia ordem
de prisão contra ele também. A 17 de setembro de 1894, depois de passar e ver
passar, durante sete e meio longos meses, por toda sorte de sofrimentos, fui
finalmente posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal, ao qual
havia requerido habeas-corpus dias antes. Foi então que tive ensejo para
completar este trabalho”. Este trabalho é o livro “SONHO NO CÁRCERE”, editado
em 1895.
MÉDICO CÂNDIDO
BARATA RIBEIRO
MINISTRO
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Doutor em Ciências
Médicas e Cirúrgicas em dezembro de 1867. Foi um grande paladino da abolição da
escravatura e teve destacada atuação na implantação da República no qual ocupou
o cargo de Presidente do Conselho Municipal, em 1891, e de Prefeito do Distrito
Federal, em 1892.
Em decreto de 23 de outubro de 1893, foi nomeado Ministro do Supremo
Tribunal Federal, preenchendo a vaga ocorrida com o falecimento do
Barão de Sobral, tomando posse em 25 de novembro de 1893, mas submetida a
nomeação ao Senado da República, este, em sessão secreta de 24 de setembro de
1894, negou a aprovação, com base em Parecer da Comissão de Justiça e
Legislação, que considerou desatendido o requisito de “notável saber jurídico”
(Diretriz Curricular Nacional de 27 de setembro de 1894, p. 1136). Em
consequência, Barata Ribeiro deixou o exercício do cargo de Ministro em 29 de
setembro de 1894. Após deixar o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal
recebeu do amigo e Ditador Marechal Floriano Peixoto a Prefeitura do recém criado
Distrito Federal, portanto, foi o primeiro Prefeito do Distrito Federal. Foi
eleito Senador quando o voto não era secreto. Morreu como Senador. Era membro
da Academia Nacional de Medicina e de várias associações científicas. Foi
homenageado pela Prefeitura do antigo Distrito Federal, a qual deu a uma das
principais ruas do bairro de Copacabana, o seu nome.
ENQUANTO O CAPITÃO-TENENTE ATANAGILDO BARATA RIBEIRO ESTAVA PRESO POR
NÃO CONCORDAR COM A DITADURA DO MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, SEU IRMÃO, MÉDICO,
ERA NOMEADO MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA DAR ACÓRDÃOS FAVORÁVEIS
AO DITADOR. DITADOR TUDO PODE!