Visconde com Grandeza de Ibituruna
Médico de Suas Majestades Imperiais D. Pedro II e Dona Tereza Cristina Maria
Combatente da Guerra do Paraguai
Pesquisa realizada pelo Professor José Silvio Leite Jacome
Trineto do Dr. João Baptista dos Santos
Visconde com Grandeza de Ibituruna
Coronel Médico Cirurgião de Cavalaria Dr. João Baptista dos Santos, Visconde com Grandeza de Ibituruna, nasceu em 14 de junho de 1828, em São João D’El Rey, no Estado de Minas Gerais e faleceu em 11 de janeiro de 1911 em Belo Horizonte, MG. Filho de João dos Santos Pinho, natural de São João D’El Rey e de Maria Justiniana do Sacramento. Foi sepultado no Cemitério do Catumbi na Cidade do Rio de Janeiro.
Doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1849, defendendo a tese intitulada: “Exíguas Reflexões acerca de Extirpação de Coxa”.
Médico ilustrado, entre outros trabalhos, escreve “Instruções para o tratamento das queimaduras, oferecidas aos senhores Fazendeiros”, em 1859; “Águas potáveis, contribuição à higiene do Rio de Janeiro”, em 1877; “Projeto de alguns melhoramentos para o saneamento da cidade do Rio de Janeiro, apresentado ao Governo Imperial”, em 1886; e, “Conselhos ao povo”, em 1886, contra a febre amarela. Deixou vários trabalhos médicos importantes.
Eleito Membro Titular na Academia Imperial de Medicina em 1863. Com a Revolução de 15 de novembro de 1889 passou a ser Membro da Academia Nacional de Medicina. Apresentou memória intitulada “Formação do Calo nas Fraturas”. Durante o período em que esteve na Academia Imperial de Medicina, exerceu os cargos de Vice-Presidente (1888-1889/ 1887-1888/ 1885-1886), Secretário (1886-1887) e Redator dos Anais (1864-1865).
Foi membro de conselhos, sociedades e associações nacionais, tais como Vice-Presidente Associação Protetora da Criança Desamparada, e, Presidente da Sociedade de Beneficência e de Socorro Mútuos das Ciências Médicas e Pharmacêuticas do Rio de Janeiro.
Como era um médico notável serviu como médico efetivo na Imperial Câmara, ou seja, Médico do Paço Imperial. No reinado de D. Pedro II, nomeado em 26 de abril de 1880, integrou o Conselho de Sua Majestade e em 1882, através do Decreto Imperial de 18 de junho de 1882, tornou-se Barão.
Era Oficial da imperial Ordem da Rosa, Comendador da Real Ordem de Cristo de Portugal e Grande do Império. Era sócio do IHGB em 1888 e da Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Professor da Escola de Medicina do Rio de Janeiro.
Foi o primeiro Inspetor da Inspetoria Geral de Higiene Pública, cargo que exerceu no período de 1886 a 1889. Foi diretor do Banco Luzo-Brazileiro. Atuou também como médico e cirurgião na Enfermaria de Cirurgia do Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência dos Mínimos de S. Francisco de Paula no Estado do Rio de Janeiro, RJ, localizado no Bairro da Tijuca à Rua Conde de Bonfim, 1033. Recebeu o título de Barão com Grandeza por decreto Imperial em 19 de maio de 1887 e dois anos depois, através do decreto Imperial em 3 de agosto de 1889, ascendeu para Visconde com Grandeza.
Politicamente, foi atuante sendo o último presidente da Província de Minas Gerais, governando de 28 de junho a 16 de novembro de 1889.
Devido aos seus feitos para com o Império do Brasil, recebeu a condecoração de Oficial da Imperial Ordem da Rosa, Comendador da Real Ordem de Cristo de Portugal e Grande do Império.
Foi homenageado tendo seu nome em um logradouro público, Rua Barão de Ibituruna, no bairro Alto Caiçaras, Belo Horizonte – MG, onde residiu até seu falecimento e Av. Visconde de Ibituruna, em Barreiros, Belo Horizonte - MG. Na Cidade do Rio de Janeiro também foi homenageado dando nome à Rua Barão de Ibituruna na Tijuca, mas no início da República um Decreto extinguiu os Títulos concedidos no Império do Brasil, e assim foi retirado do nome da rua o Barão e esta passou a se chamar Ibituruna.
Casou com Clara Jacinta Alves Barbosa, filha do Capitão Jacintho Alves Barbosa, primeiro Barão de Santa Justa, filho de Francisco Rodrigues Alves, fundador da Cidade de Vassouras e de Thomásia Maria de Jesus Morais Alves Barbosa, Baronesa de Santa Justa. Clara Jacintha foi batizada em 18 de outubro de 1828, em Vassouras e faleceu em 22 de novembro de l888, no Rio de Janeiro. Sepultada no cemitério do Catumbi, na mesma cidade.
DESCENDENTES DE JOÃO BAPTISTA DOS SANTOS
Visconde com Grandeza de Ibituruna e de Clara Jacintha Alves Barbosa
Pais de:
Clarinda Clara Baptista dos Santos Barata Ribeiro casada com Atanagildo Barata Ribeiro
CLARINDA CLARA BAPTISTA DOS SANTOS BARATA RIBEIRO. Nasceu em 3 Ilhas, Rio das Flores, RJ, em 28 de maio de 1857 e falecendo de enfarto aos 33anos em 1890 no Rio de Janeiro, RJ. Esta morte súbita foi em virtude de seu sofrimento com a perseguição política desencadeada pelos republicanos ao seu pai e ao marido, ambos militares, combatentes da “Guerra do Paraguai” e leais ao Imperador do Brasil, SMI D. Pedro II. Casada com o Capitão-tenente Atanagildo Barata Ribeiro, nascido na Bahia em 1 janeiro de 1848 e falecido em 19 de março de 1906, em São Paulo, SP. O Capitão-tenente Atanagildo Barata Ribeiro veio para o Rio de Janeiro em 1853 com a mãe após o falecimento do pai, o artista português José Maria Cândido Ribeiro. Foram morar na Ilha do Governador. Dona Veridiana Rosa Barata Ribeiro, filha do Médico Cypriano José Barata de Almeida, Constituinte em 1821 e 1823, conseguiu matrícula gratuita no Mosteiro de São Bento para o filho, que estudou o curso de preparatórios, residindo, por concessão especial num quarto dessa casa conventual durante alguns anos, pois chamou a atenção dos Diretores do Colégio como estudante de grande inteligência e aplicação. Outra circunstância chamou a atenção dos Padres do Mosteiro sobre o menino, é que ele chegava ao Colégio ainda de madrugada e antes do dia clarear, já rondava a porta do Mosteiro. A causa desta peripécia era os poucos recursos de Dona Veridiana, que não possuía dinheiro para a passagem do garoto e então ele pegava carona com um pescador, que desembarcava na atual Praça XV e ia a pé para o Mosteiro de São Bento, esperando o portão do Colégio abrir. Inquirido pelos Padres do Colégio, explicou o motivo da chegada tão cedo e com isto permitiram que passasse a dormir no Colégio. Dona Veridiana Rosa Barata Ribeiro, fazia doces, e da sua vendagem conseguia recursos para se manter, pois o principal para ela estava resolvido, o internamento do filho e a educação assegurada. O marido, o pintor artístico José Maria Cândido Ribeiro, português de nascimento, havia falecido antes de vir para o Rio de Janeiro com o filho, que na ocasião tinham 3 anos de idade. Terminado o Curso Secundário no Mosteiro, o menino enfrentou a vida e venceu. Trabalhou e estudou e com isto tornou menos más as condições de vida de Dona Veridiana. Atanagildo fez exame vestibular para a Academia Naval e passou em 1º lugar, matriculando-se em condições especiais, sem preencher as formalidades do enxoval. Declarado em 04 de dezembro de 1866 Guarda-marinha, Atanagildo ainda com 18 anos incompletos foi incorporado à guarnição do Vapor Transporte Princesa de Joinville, que o Governo fez seguir para a Guerra do Paraguai. Após a guerra, prosseguiu os estudos para a Engenharia Naval, o qual terminou com brilhantismo, conquistando um prêmio de viagem à Europa, para aperfeiçoar os estudos nos estaleiros de Southampton e Liverpool, por conta do Governo. Ao regressar ao Brasil, entregou-se de corpo e alma à profissão, pois o País possuía uma grande indústria naval. Dentre os trabalhos que dirigiu, o de maior monta foi o da construção da “Corveta Liberdade”, que durante muitos anos fez parte da Marinha de Guerra do Brasil, então muito poderosa.
Cronologia de vida do Capitão-tenente Atanagildo Barata Ribeiro.
Carreira:
Aspirante a Guarda-marinha em 27 de fevereiro de 1864; Guarda-marinha em 04 de dezembro de 1866; Segundo-tenente em 05 de março de 1868; Primeiro-tenente em 05 de janeiro de 1872; Reforma em 28 de fevereiro de 1881; Capitão-tenente em 04 de abril de 1898;
Comissões:
Vapor Transporte Princesa de Joinville; Encouraçado Tamandaré; Encouraçado Herval; Canhoneira Vital de Negreiros; Corveta Nicterói; Corveta Vital de Oliveira; Vapor Magé; Vapor Ipiranga; Transporte Marcílio Dias; Encouraçado Cabral; Flotilha do Amazonas.
Comandos:
Diretor das Construções Navais do Arsenal de Mato Grosso e Diretor Interino das Construções Navais do Arsenal de Pernambuco.
Medalhas e Condecorações:
Hábito da Imperial Ordem da Rosa, no grau de Cavaleiro. Alto Valor e Constância da República da Argentina. E muitas outras.
Pais de:
Professora Nydia dos Santos Barata Ribeiro, neta do Dr. João Baptista dos Santos, casada com Professor Sylvio Antunes Baptista Leite.
NYDIA DOS SANTOS BARATA RIBEIRO (Nydia Ribeiro Baptista Leite). Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 05 de junho de 1882, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, 31 de outubro de 1950. Casou com Sylvio Antunes Baptista Leite, Diretor e proprietário do Colégio Sylvio Leite, na Tijuca e no Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro, RJ. Nasceu em Sapucaia, MG, 05 de junho de 1880, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, 25 de novembro de 1968.
Dona Nydia ao perder a mãe aos oito anos, foi criada pelo avô, o Dr. João Baptista dos Santos, o Visconde com Grandeza de Ibituruna, que a internou no Colégio Sion, em Petrópolis, para que pudesse ter esmerada educação, o que acabou acontecendo, mas mesmo com todo o carinho do avô, passou por maus momentos, pois seu pai era um perseguido político, pois nunca aderiu à “Revolução de 15 de novembro”, sendo preso e respondendo à Conselho de Guerra, o que causou enorme trauma à Dona Nydia, que foi muito ajudada pelo Barão Rodolfo Smith de Vasconcelos, grande amigo de seu avô e morador em Petrópolis. O Barão Smith de Vasconcelos nasceu no Ceará em 23 de maio de 1846 e faleceu no Rio de Janeiro a 28 de agosto de 1926 na casa de D. Nydia abandonado pela família. Foi fidalgo de cota de armas e fidalgo-cavaleiro da Casa Real, comendador da Ordem de Isabel a Católica, de Espanha, membro do Instituto Histórico do Ceará, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Publicou inúmeros trabalhos genealógicos sobre famílias do Brasil, entre os quais avulta o Arquivo Nobiliárquico Brasileiro, Lausana, 1918, trabalho em que colaborou seu filho o Barão Pontifício Jaime Smith de Vasconcelos.
Tiveram 7 filhos: Plínio Ribeiro Baptista Leite, Médico Militar, Professor, fundador e Diretor do Colégio Plínio Leite, Niterói, RJ, Chefe da Delegação Brasileira às Olimpíadas de Berlim em 1936, Presidente, 1952/1953 e Grande Benemérito do América Football Club, situado na cidade do Rio de Janeiro, RJ; Homero Ribeiro Baptista Leite; Aristóteles Ribeiro Baptista Leite, Advogado; Péricles Ribeiro Baptista Leite, Advogado; Heloísa Ribeiro Baptista Leite (Heloísa Rodrigues Campelo), Odontóloga; Beatriz Ribeiro Baptista Leite (Beatriz Leite Jácome), Professora e funcionária de carreira do IBGE, e Clotilde Ribeiro Baptista Leite (Clotilde Ribeiro Leite dos Santos), Turismóloga e funcionária de carreira do Ministério da Indústria e Comércio.
OBS: Os 5 filhos do casal Clarinda e Atanagildo.
Ináh dos Santos Barata Ribeiro; Francisco dos Santos Barata Ribeiro, Médico, residente no Rio Grande do Sul; José dos Santos Barata Ribeiro; Nydia dos Santos Barata Ribeiro; João dos Santos Barata Ribeiro, Oficial de Marinha Mercante.