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A IMPRENSA NA RECÉM INSTALADA REPÚBLICA

  Publicação do jornal “Brazil”, em dezembro de 1891, por ocasião da ida de sua Gerência ao Ministro da Justiça, José Higino: Quanto à impre...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O INTERVENCIONISMO AMERICANO E OS SEUS DITAMES

O INTERVENCIONISMO AMERICANO

E OS SEUS DITAMES
02 de dezembro de 1823
DOUTRINA MONROE


“Devemos declarar por amor da franqueza e das relações amigáveis que existem entre os Estados Unidos e aquelas potên­cias (europeias) que consideraremos qualquer tentativa da sua parte para estender o seu sistema a qualquer parte deste hemis­fério como coisa tão perigosa para a nossa tranquilidade como para a nossa segurança: Com as colônias existentes e as dependências das mesmas po­tências, não temos intervindo nem interviremos. Em relação porém aos governos que declararam a sua independência e que a tem mantido, independência que depois de grande reflexão e por justos princípios, nós reconhecemos, toda interferência, por parte de qualquer potência europeia, com o fim de oprimi-los e de qualquer modo dominar os seus destinos, não poderá ser encarada por nós senão como manifestação hostil para com os Estados Unidos”.

06 de dezembro de 1904

Mensagem do Presidente dos Estados Unidos da América, Theodoro Roosevelt ao Congresso Americano.

“Tudo quanto este País deseja, é ver as Nações co-irmãs, nossas vizinhas, trabalhadoras, tranquilas e ordeiras. Sempre prósperas. Qualquer Nação cujo povo saiba bem se conduzir, pode dispor da nossa cordial amizade.

Qualquer Nação que saiba manter-se com razoável tirocínio e correção nas suas relações sociais e políticas, mantendo em ordem os seus negócios e cumprindo suas obrigações, não tem porque temer de nossa parte qualquer ingerência. Em caso contrário, porém, baseado nos princípios da Doutrina Monroe, os Estados Unidos podem tomar uma posição de policiamento internacional bem contra a sua vontade”.

1992

Paul Wolfowitz

Subsecretário da Defesa dos Estados Unidos da América em 2003
Ideólogo da “Doutrina Bush”
“O Imperialismo Americano no século XXI”

“A liderança militar americana deve comprovar que nossos amigos serão protegidos, nossos inimigos serão punidos e quem não nos apoiar vai se arrepender”.

A Doutrina Monroe, foi criada em 02 de dezembro de 1823 pelo Presidente da República dos Estados Unidos da América, James Monroe, que enviou ao Congresso Americano uma mensagem que veio a se constituir no fundamento da política exterior norte-americana e que visava a repelir a recolonização dos Estados Latino-americanos que vinham de se libertar do jugo de suas metrópoles e conter a penetração russa nas costas americanas do Pacífico Norte, dado que o Império Czarista reivindicava direitos exclusivos de pesca até 51 graus de latitude.

Isto servia de excelente pretexto para uma progressiva invasão e anexação de territórios no continente americano e os seus antecedentes foram as ameaças da Santa Aliança em auxiliar a Espanha nos planos desta de reconquistar as suas colônias situadas na América, o que levou John Quincy Adams, dos Estados Unidos da América, a propor ao go­verno britânico que ambos formulassem uma nota de pro­testo.

O Primeiro Ministro da Inglaterra, Canning, via com simpatia a independência das colônias, porque aumentaria o intercâmbio comercial das colônias com a Inglaterra ou com a exploração dos seus novos mercados e apoiou a idéia, e sugeriu ao embaixador americano na Inglaterra, que ambos os países declarassem o seu apoio à política de não intervenção.

Ela também, firma suas raízes na recomendação feita por Jorge Washington em seu célebre discurso de despe­dida ao deixar a Presidência da Repú­blica dos Estados Unidos da América em 17 de setembro de 1796, que recomenda como conduta a não intervenção para com as demais Nações.

A regra de conduta da política externa dos Estados Unidos da América para com as nações estrangeiras devia ser de uma intensiva relação comercial e dessa maneira, os acordos ou contratos mantidos com elas até então, deviam ser realizados e completados com fidelidade, constituindo a sua colaboração.

Foi baseado na Doutrina Monroe que em 1864 o Congresso Chileno não reconheceu o império fundado em terras mexica­nas por Maximiliano, primo-irmão do Imperador do Brasil, D. Pedro II, sob a égide e proteção de Napoleão III.

A República Chilena decidiu depois de várias ponderações, que não poderia reconhecer, dentro dos postulados do Direito Internacional Americano os atos de intervenção européia numa terra americana, assim como não reconhecia, por igual, os governos que se constituíssem em virtude daquela inter­venção, mesmo que essa tivesse sido solicitada.

O pensamento do Chile era baseado na “Dou­trina Monroe”, mas, no entanto, esta Doutrina com o passar do tempo, passou a significar a política de intervenção econômica e militar dos Estados Unidos da América, princi­palmente quando pela voz do seu Presi­dente Theodoro Roosevelt, em 1903, declarou que podia intervir nos demais Estados Americanos e tomar medidas que julgasse precisa para compeli-los ao pagamento dos seus débitos ou a satisfação dos seus compromissos atra­sados, ou seja, o que dizer da política externa seguida pelos Estados Unidos da América com a anexação de territórios no México, com a sua expansão nas Filipinas, com a sua tutela sobre algumas repú­blicas da América Central, mas o jurista surpreso com a diversidade de procedimento pergunta por que os Estados Unidos da América não invocaram a Dou­trina Monroe e ficaram ao lado da Guatemala quando a Inglaterra ocupou Belize, em 1835 e ao lado da Argentina quando o mesmo país ocupou as ilhas Malvinas.

Somente com Franklin Delano Roosevelt é que os americanos resolveram modificar a sua política exterior e transformar a velha mensagem em uma política de boa vizinhança, retirando as forças que ocupavam o Haiti, e devolvendo a Cuba sua soberania.

Em 11 de junho de 1954, John Foster Dulles, Secretário de Estado Norte-Americano, ao invocar a Doutrina Monroe, declarou que “qualquer tentativa para estender os sistemas políticos europeus na América seria considerada como uma ameaça aos Estados Unidos”, isto porque o Governo da Guatemala era considerado adepto da U.R.S.S., mas nos dias atuais a situação existente em Cuba é idêntica, mas acontece que hoje não existe mais aquele grande País comunista, fazendo com que Fidel Castro perdesse seu grande aliado.

A revolta contra o governo de Fugêncio Batista, ditador cubano monitorado pelos Estados Unidos da América, foi chefiada por Fidel Castro, que com sua vitória em Sierra Maestra, modificou a região e se transformou em um di­tador, esquecendo a promessa feita de realizar eleições livres e honestas e de respeitar os Direitos Humanos.

Colocou em prática uma política predominantemente contrária aos interesses norte-americanos, desapropriando suas propriedades e se declarando aliado da União Soviética, e o resultado foi a sua expulsão da Organização dos Estados Americanos em 1962, por esmagadora maioria de votos, embora o Brasil se absti­vesse de votar.

A Doutrina Monroe fez com que os Estados Unidos da América, passassem a ser os protetores de todo o hemis­fério e esta Doutrina que nasceu contra o intervencionismo da San­ta Aliança, passou a ser intervencionista e é essa é a opinião de Ernesto Quesada quando afirmou que a doutrina de Monroe “No es, una doctrina propiamen­te juridica, ni un proyecto de Derecho Internacional Uni­versal; es, pura y simplemente, una tesis panamericana de política internacional exclusivamente estadounidense”, contrariando, assim, o ponto de vista de Alejandro Alvarez que nela via a base do Direito Internacional Americano.

Segundo Clovis Beviláqua, o Brasil não aceitou esta Doutrina Imperialista Americana, isto porque, a política do Governo Brasileiro durante o período Imperial, onde éramos um País de primeiro mundo, era de não ser subserviente a qualquer déspota regional e apoiávamos a Santa Aliança, pois em 1830, o Marquês de Santo Amaro era enviado à Europa com instruções secretas para o caso em que as grandes potências européias realizas­sem a intervenção militar na América Espanhola, o Brasil apoiaria, desde que lhe restituíssem a Província Cisplatina.

A Doutrina de James Monroe possui tanto defensores como críticos, tudo dependendo do ponto de vista em que ela é apreciada, sendo que Raul Pederneiras diz que, mesmo tendo surgido há mais de cem anos, nada avançou de jurídico e estável e a critica impiedosamente, por ter sido transformada em um instrumento de política intervencionista norte-americana, mormente nos governos Theodoro Roosevelt, Taft e Coolidge e como podemos observar, na mensagem que Theodoro Roosevelt enviou ao Con­gresso Americano em 6 de dezembro de 1904, está consigna­do nada mais nada menos que os Estados Unidos da América se consideram a polícia internacional, ou seja, os Países que não fossem subservientes aos seus ditames, sofreriam todos os tipos de humilhação, como hoje estamos vivenciando no mundo árabe.

Como podemos observar, está claro o pensamento doutri­nário dos intérpretes de James Monroe, era a política do Grande Estado, e ba­seados nesta política, os Marines ocuparam a Nicarágua, Haiti, República Dominicana e demais países da América Central, mas a doutrina não era invocada quando os demais países americanos sofriam qualquer sanção por parte de Estados da Europa, desde que elas não interferissem na política americana e como exemplo, podemos citar a ocupação das Ilhas Malvinas pela Inglaterra em 1839, depois das depredações feitas pela tripulação da corveta “Lexington” em Puerto Soledad, quando o governo norte-americano declarou que sendo os direitos da Argentina sobre as Malvinas ou Falkland contestados por outro País com fundamentos anteriores aos referidos fatos, era concebível que enquanto a controvérsia entre os dois governos não fosse solucionada, os Estados Unidos não podiam atender a qualquer reclamação.

Ao observarmos através dos tempos, os Estados Unidos da América, sempre estiveram do lado da Inglaterra após a sua independência e esta sempre do seu lado, como vivenciamos atualmente no oriente médio.

Como desfecho para este ato, em 1982 a Inglaterra ocupa militarmente as Ilhas Malvinas após o Governo argentino tê-la invadido invocando-a como seu território, ocasionando a morte de centenas de argentinos.

Baseado nesta doutrina, os Estados Unidos da América, passaram a praticar a partir de então os mais hediondos crimes que enver­gonham a espécie humana, pela traição, pela falácia e pelo subor­no, para atingir os seus objetivos.

Ao explicar a doutrina, o Deputado Evarts, antigo Secretário de Estado, discursando num banquete, disse o seguinte: “A doutrina de Monroe é por certo uma boa coisa, e como todas as boas coisas antiquadas, precisa ser reforma­da. Essa doutrina resume-se nessa frase: A América para os americanos. Ora, eu proporia com prazer um aditamento: para os americanos, sim senhor, mas entendam-nos, para os ameri­canos do Norte. Começamos pelo nosso caro vizi­nho, o México, de que já comemos um bocado em 1848. Tomemo-lo, a América Central virá depois, abrindo nosso apetite para quando chegar a vez da América da Sul. Olhando para o mapa vemos que aquele continente tem a for­ma de um presunto. Uncle Sam é um bom garfo, há de devo­rar o presunto.

Isto é fatal, isto é apenas questão de tempo. A bandeira estre­lada é bastante grande para estender a sua sombra gloriosa de um oceano a outro. Um dia ela flutuará, única e ovante do polo norte ao polo austral”.

Com base nessa política de “proteção” cometeram as seguintes atrocidades:

1 - Tomaram pela violência o Texas ao México, em 1848.

2 – Tomaram o Panamá da Co­lômbia, em 1903.

3 - Libertaram Cuba e Porto Rico para se apossar dessas ilhas.

4 - Arruinou o Pe­ru.

5 - Devastou toda a população da ilha Pas­coal, fazendo melhor do que Adolf Hitler na Eu­ropa na primeira metade do século XX.

6 – Apossou-se do petróleo da Venezuela.

7 – Em Honduras, os Estados Unidos intervieram em 1903, 1907, 1910 e 1919.

8 - Na República Dominicana, em 1904, 1914 e de 1916 a 1924.

9 - Em Porto Rico, a intervenção aca­bou por transforma-lo em colônia.

10 - Na Argentina os Estados Unidos intervieram em 1831, 1838, 1852-53, durante a guerra civil de Buenos Aires e em 1890.

11 – Dominaram o Peru por um ano em 1935.

12 – O Uruguai em 1855, 1858 e 1868.

13 - A Nicarágua, em 1853-54, 1894, 1896, 1898, 1899, 1910 e de 1912 a 1926.

14 - Em Cuba os Estados Unidos intervieram militarmente em 1822, 1824, 1825, 1898, 1906, 1912 e de 1917 a 1919.

15 - Na Colômbia, intervieram em 1855, 1865, 1866, 1868, 1873, 1885, 1895, 1901 e de 1902 a 1904.

16 - No Paraguai, em 1859.

17 - No Haiti, em 1888, 1914 e de 1915 a 1934.

18 – No Chile em 1891.

Eduardo Prado em 1893 disse que não havia nação latino-americana que não tenha sofrido de suas relações com os Estados Unidos da América e se o predomínio inglês no Brasil trouxe alguma vantagem para o nosso país, foi sem dúvida o fato de haver dificultado e retar­dado a proteção da bandeira listrada sobre as nossas cabeças.

E quem foi Eduardo Prado? - Eduardo Prado (1860-1901), jornalista e escritor, foi um grande defensor da Monarquia no Brasil, e no dia 15 de novembro de 1889 ao se encontrar em Paris, segundo relata Candido Mota Filho, ficou muito emocionado, chegando até a chorar, pois para Eduardo Prado, “o Brasil de seus avós, o Brasil que figurava na História, fundado pela Monarquia Portuguesa, morria, naquele instante, desprezado pelo noticiário da Imprensa, que assinalava mais uma ocorrência do caudilhismo sul-americano”. Como foi líder dos monarquistas no início da República, o Ditador Marechal Floriano Peixoto confiscou uma de suas obras.

Ao se exilar na Europa, publicou na “Revista de Portugal”, de seu amigo Eça de Queiroz, seis artigos que foram mais tarde reunidos no livro “Os fastos da ditadura militar no Brasil”, publicado sob o pseudônimo de “Frederico de S”. Nos mencionados artigos, Eduardo Prado já antevia e denunciava os males do regime republicano recém instalado no Brasil, dizendo: “só se distingue do governo antigo, porque chama Estados às Províncias, tem outra bandeira, outros selos de carta e principalmente porque deporta e prende quem mostra opinião contrária à do povo, do Exército e da Marinha”, continuando, “Através de tudo isto, a única figura grande, a mais nobre personalidade, é a do Imperador destronado, contra quem o manifesto revolucionário do governo provisório nem uma só acusação ousou formular e nem uma só queixa articulo. Esse Velho deixa um País onde começou a reinar aos cinco anos de idade; tão brasileiro foi ele que a sua Biografia não deve ter este nome, mas sim o de Meio Século de História do Brasil” e para complementar, faz uma previsão do que viria a ser o Brasil sob o regime republicano, dizendo que “no tempo do Imperador, quando o soberano resistia aos Ministros, se estes insistiam, a Coroa cedia. Hoje, quando o Marechal Deodoro pensar de um modo e os seus Ministros de outro, quem cederá? A espada, que não tremeu ao ser desembainhada contra as Instituições que o General jurara defender, não precisará mesmo reluzir de novo para fazer emudecer e sumir debaixo do pó da terra os novos Ministros, talentosos patriotas, mas patriotas desarmados. Quem garante ao Brasil que a revolução de 15 de novembro será a última?”

Durante a Revolta da Armada ocorrida a partir de 6 de setembro de 1893, escreveu “A Ilusão Americana”, e neste trabalho descreve a política exterior americana, a Doutrina Monroe, que veio a constituir o fundamento da política exterior americana.

Condena o regime republicano no Brasil, em virtude do seu modelo corresponder ao dos Estados Unidos da América e o seu anti-republicanismo assume uma conotação nacionalista condenatória de qualquer “imitação” que contrarie a essência dos costumes e valores nacionais e na oportunidade atribui a derrota da Esquadra ao apoio recebido pelo Governo de Floriano Peixoto do Governo Norte-Americano e o uso indiscriminado de “milhões de contos de papel falso”, além do fato de os revolucionários não terem traçado um plano prévio ao desencadearem a operação contra o Governo Inconstitucional do Marechal Floriano Peixoto, conforme Artigo 42 da Constituição Federal de 1891.

Assim, se exprimia o brilhante paulista, figura destacada nos meios literários e culturais brasileiros, bem como nos de Portugal e da França, o qual representou o Brasil na Exposição Internacional de Paris, sendo laureado pela Academia Francesa e também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial a Inglaterra estava em decadência e surgia um novo poder mundial, os Estados Unidos da América.

Antes dessa época, os negócios dos Estados Unidos com as repú­blicas latino-americanas eram de certo modo irregulares, em­bora constituíssem um bom mercado para os produtos destes paí­ses, estes preferiam ainda a Europa, de onde importavam quase tudo. Os Estados Unidos não estavam nem mesmo na categoria das nações exportadoras, pois sua produção era totalmente sorvida por um mercado interno em contínuo crescimento e so­mente buscavam os mercados externos em determinados períodos de crise de superprodução e desejavam sobretudo garantir para si o domínio das fontes de matérias-primas do continente, mas depois da guerra, devido ao tremendo aumento da sua capacidade industrial, lançaram-se à exportação e obtiveram um grande progresso nas exportações para a América Latina e este crescimento deveu-se à queda das exportações inglesas, havendo uma inversão de valores, pois a Inglaterra em havia aumentado os seus investimentos de 3.800 milhões para 4.500 milhões, ou seja. 20%, enquanto os Estados Unidos da América haviam aumentado os seus em 150% e isso era apenas o começo, o grosso viria depois de 1935, mas já se percebia nitidamente a inversão completa dos papéis, ou seja, a Inglaterra, de credora do mundo passara a devedora, e os Es­tados Unidos da América de devedores passaram a credores.

Depois da Primeira Guerra Mundial, o Brasil não podia passar sem os empréstimos americanos e entre 1921 e 1927, em apenas 6 anos, tomamos através de 4 emprés­timos, nada menos de US$ 176.500.000 e como de hábito, des­se montante, somente 25 milhões foram parcialmente usados na eletrificação da Estrada de Ferro Central do Brasil, o resto, is­to é, quase tudo, somente serviu para equilibrar “déficit”, pagar juros da dívida externa e liquidar compromissos externos e este empréstimo como observou Valentim Bouças, teve efeitos contraproducentes, o câmbio havia baixado e “Ninguém duvidava, então, que o aviltamen­to cambial, ao invés de servir aos interesses nacionais só redun­dava em vantagens para os mercados estrangeiros”, todavia, os fazendeiros de café, ou melhor, os especuladores e exportado­res, entre os quais importantes firmas americanas como a Ame­ricam Coffee Corp., enriqueceram com o câmbio baixo.

Os ingleses foram iniciados pelos emprésti­mos, e, a seguir, por uma série de investimentos de capitais em empresas constituídas para fins específicos, como as estradas de ferro, já os franceses, se es­pecializaram em Bancos hipotecários, e tanto ingleses como franceses, limitavam-se a ven­der produtos manufaturados sem grandes dificuldades até que os produtos industriais alemães entraram na competição.

Os Estados Unidos da América, ao contrário, agiam de modo diferente, o capital americano sempre foi mais voraz, mais agressivo, mais imediatista, pois os investimentos industriais americanos, não estavam interessados no país mas sim no seu próprio ramo de especialização e quando os americanos instalam qualquer negócio em qualquer país, não vi­sam beneficiar esse país, mas tirar o máximo proveito do capi­tal empregado, honestamente se for possível.

A grande diferença entre os investimentos europeus e norte-americanos, está no fato de que no caso destes últimos não é o homem da rua, o pequeno investidor, que aplica suas eco­nomias na compra de ações, e sim as grandes companhias que exportam parte de seus capitais para instalar empresas subsidiá­rias, havendo exportação de ca­pitais, já na Europa, o pequeno acionista está ligado à Bolsa de Londres, ou de Havre, não sabendo a quem reclamar, se a Companhia não paga dividendos ou sofre pressão dos governos nacionais.

As empresas americanas estão diretamente ligadas aos grandes trustes que dominam os partidos políticos e os governos por eles impostos, ou seja, o capitalismo norte-americano tem todo o poderio governamental à sua dis­posição.

A importação de produtos completamente inúteis é devido a grande e hábil diplomacia norte-americana, que soube impor ao mercado brasileiro a partir de 1945, já que antes de 1930 nos­sas importações dos Estados Unidos da América eram mínimas, pois o grosso dessa importação consistia em trigo, gasolina e óleo combustí­vel, automóveis e caminhões, enquanto os produtos manufatura­dos de consumo direto, tecidos, louças, mesmo couros benefi­ciados, aço e metais diversos, eram oriundos da Inglaterra.

A partir de 1930 com a ditadura de Getúlio Dornelles Vargas, cresce a influência norte-americana na nossa eco­nomia, e instala entre nós, com sua política de corrupção, a conquista da cons­ciência de alguns setores da burguesia nacional, pois a maior diferença entre o inglês e o americano se encontra nos métodos de ação, ou seja, os ingleses usavam a força das armas para proteger suas colônias, enquanto os Estados Unidos, ao contrário, jamais pensaram em colônias, aliás, isso seria mesmo muito difícil, pois quando o capitalismo norte-americano ingressou na competição, o mundo já se achava dividido entre os vários países europeus, particularmente a Inglaterra, França. Itália, Portugal, Holanda, Alemanha e Bélgica. A Primeira Guerra Mundial, eliminou o mais perigoso dos competidores, a Alemanha, e permitiu uma nova di­visão do mundo em zonas de influência e nessa divisão, os paí­ses sul-americanos ficaram praticamente entregues a si mesmos.

Os Estados Unidos da América en­contraram na América Latina o caminho aberto para a aplica­ção da sua doutrina Monroe e como disse certa vez Foster Dulles, era “o seu quintal” e o método empregado foi pura e simplesmente o da corrupção, com dólares, em vez de armas, ou seja, a “política da boa vizinhança”.

Em vez de conquistar o país pela força dos canhões, era prefe­rível comprar os respectivos dirigentes, era mais barato e mais seguro, porque a força das armas derrota o inimigo, mas não o destrói, ao contrário, acaba por unir e levantar o povo contra o invasor. Foi o que vimos na Índia, no Egito, na China, onde todas as classes sociais se uniram contra o imperialismo inglês, pois a corrupção desmoraliza as classes dirigentes e divide o povo subjugado e o que estamos vendo hoje no Iraque é exatamente isto, a força das armas tirou o déspota que dirigia o País, mas está unindo as suas várias etnias, com um único intuito, que é expulsar o invasor que está subjugando o País.

O cenário social da América Latina é péssimo, e além disso, a democracia está sempre em crise, pois com o caudilhismo, a democracia nos diversos países latinos americanos, é efêmera.

As democracias conquistadas com tanto sacrifício foram corroídas pelas elites tradicionais, mediante novos pactos de dominação, de con­teúdo fortemente antipopular e des­nacionalizante e não foram necessá­rios muitos anos e governos para que a América Latina apresente hoje, o pior ce­nário social desde os anos 30 do sé­culo passado, pois suas relações sociais foram corroídas pela informalização das relações de trabalho, pelo desem­prego, pela perda de direitos sociais, pe­lo enfraquecimento dos sindicatos e dos movimentos sociais, enquanto isso, a vida política foi esvaziada pelo debilitamento e des­moralização dos Poderes Legislativos, pela mercantilização das campanhas eleitorais, pelo desinteresse políti­co, pela descaracterização programá­tica dos partidos, pela transformação dos governos nacionais em mecâni­cos gestores das políticas do Consen­so de Washington e pela perda de so­berania dos Estados Nacionais, avassalados pela financeirização e pelo endividamento e temos como resultado, essa crise prematura das democra­cias

A desmoralização de sistemas políticos, a dominação do grande capi­tal internacional e internacionalizado sobre os Estados e os Governos, elei­tos e reeleitos pelo financiamento desse mesmo capital e que produzem governos que rapidamente perdem a sua le­gitimidade.

Entram em crise política permanente que debilitam ainda mais a capacidade de resistên­cia dos Estados soberanos do continente americano, indi­vidual e coletivamente, à hegemonia norte-americana.

Nos Estados Unidos da América, nas últimas eleições, um Presi­dente é eleito pela minoria dos eleito­res, pois a sua eleição é através de um Colégio Eleitoral, e com uma grande abstenção, já que o voto não é obrigatório, o que fez com que um quarto do eleitora­do seja responsável pela eleição do mandatário com maior poder no mundo, e só foi resgatado pelo 11 de setembro de 2001, quando pela primeira vez, o território dos EUA sentiu os efeitos que eles mesmos produziam no mundo, e com este ataque, o Presidente passou a ter mais de 80% de aprovação da popu­lação.

É um País que quer fazer prevalecer seus inte­resses, fortalece seu Estado, forja o prestígio de seu Presidente, faz da política externa um instrumento afiado de impor sua hegemonia e reverte o princípio do liberalismo econômico que prega para os outros em protecionismo aberto para defen­der o nível de emprego interno e fa­vorecer a reativação econômica.

Um modelo de política que deve­ria inspirar os outros Estados do con­tinente, não para lutarem para se tornar potências imperialistas, mas para construir sistemas políticos que de­fendam os interesses de seu povo, articulando-se no plano exter­no, para garantir condições de cons­trução de democracias com alma so­cial e soberania política, a única via que pode salvar nossas democracias precocemente em crise.

Com a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, voltam ao cenário europeu e conseguem destruir a Alemanha, isto porque, além de praticamente destruir Dresden, em fevereiro de 1945 com o despejo de 3500 toneladas de bombas, num ataque efetuado com 800 aviões, que varreu a cidade por um dilúvio de fogo, tendo a temperatura do ar se elevado a centenas de graus, as bombas produzirem ventos superiores de 160 km por hora, o que fez aumentar a desgraça, movimentando as chamas.                                 

O fósforo das bombas transformou os corpos numa massa amarelada liquefeita, que se fundia no asfalto das ruas, a cidade ficou em ruínas e quando tudo terminou, a coluna de fumaça podia ser vista a 80 km de distância e tinha mais de 4 km de altura. É pouco provável que o mundo volte a testemunhar um ato de selvageria dessa magnitude.  

Também destroem de 70 a 80% das outras cidades, matando mulheres, crianças, bêbes, ou seja, a população civil, que não representa perigo militar, mas que psicologicamente é uma grande arma, pois joga o povo contra o seu dirigente.

Não podemos fechar os olhos às barbáries cometidas pelos EUA em nome da libertação de um povo, porque os meios não justificam os fins e o início dessa hecatombe se dá com o nascimento do complexo de derrota de novembro de 1918, quando a Alemanha teve de se considerar vencida e seus militares recusaram-se a admitir uma derrota que julgavam não haver merecido.

Os quadros tradicionais do Exército Imperial Alemão, dominado pela casta dos oficiais prussianos que cultivavam desde sempre os hábitos e sentimentos militaristas e achavam ser os senhores únicos da Alemanha não conseguiram aceitar a idéia da capitulação e colher os devidos ensinamentos e começaram a expandir a versão de um Exército militarmente invicto, mas vítima de uma traição.

O armistício deu-se em 9 de novembro de 1918, quando o Grande Conselho de Guerra, reunido em Spa, reconheceu que o Estado Maior Alemão perdera a iniciativa e nesta oportunidade, o Kaiser Guilherme II procurou refúgio na Holanda e foram três civis, o Príncipe Max de Bade, o novo Chanceler Ebert e o Ministro Católico Erzberger, que tiveram de se humilhar e entabular negociações, sendo que no mesmo dia, o social-democrata Scheidemann proclamou da varanda do Reichstag, a República.

A jovem República, gerada da derrocada, transformou-se rapidamente na ave de mau agouro dos militares, que saboreavam a amargura da derrota e principiavam a falar em traição.

A Alemanha afundava-se no caos, a disciplina tantas vezes citada como exemplo aos povos liberais, era a responsável, pois durante gerações sucessivas esta “obediência” privara os alemães de personalidade, mantendo-os numa espécie de sujeição que os tornava facilmente manejáveis e a pirâmide hierárquica desabara e os alemães privados das ordens brutais que os acionavam, encontravam-se entregues, sem defesa, aos agitadores.

Ao caos, juntaram-se o desemprego e a miséria e para restabelecer a ordem foi necessário recorrer aos militares, que tinham constituídos formações curiosas, os “corpos francos” e os “grupos de combate”, que eram espécies de exércitos pessoais que só reconheciam como chefes, os oficiais que os comandavam. Estes grupos reduziram as tentativas locais de insurreição, adquirindo assim uma hipoteca sobre o regime, quando formaram pouco depois, os quadros do novo exército.

Ao mesmo tempo os militares descobriram a política, ou aquilo que tomaram como tal, e criaram um gênero de serviço de ação psicológica, que organizou “cursos de pensamento cívico”. Um dos impulsores desta instituição foi o capitão Ernst Roehm.

Desses cursos surgiu em 1919 um ex-aluno, o cabo Adolf Hitler, que recebeu deles, os rudimentos da futura doutrina nacional-socialista.

Os militares tiveram um papel preponderante na eclosão do Nazismo, pois se aliaram a determinados industriais importantes, constituíram ou apoiaram os pequenos grupos que divulgavam as suas idéias e pregavam o militarismo e reativaram o anti-semitismo, que desaparecera então por completo.

O governo republicano parecia desconhecer esta agitação, confiante na excelência da Constituição de Weimar, promulgada em agosto de 1919.

Sem perda de tempo, os inimigos do novo regime compreenderam que o método de infiltração era preferível a um ataque frontal e simularam tendências republicanas para se apossarem do comando e Noske, Ministro da Guerra social-democrata, logrou pronunciar com aparente seriedade: “Trago-vos, com o jovem exército republicano, a liberdade e a paz”.

Os inimigos da nova república aperfeiçoaram suas doutrinas e através do jornal Ring, do Barão Von Gleichen podia-se ler: “Os oficiais da Reichswehr aprenderam depois da revolução a fazer a distinção entre o Estado em si e a sua forma aparente. Os oficiais querem servir o Estado naquilo que tem de permanente e idêntico a si próprio”.

Deste modo, tudo se tornava simples, desde que o Estado deixasse de seguir as idéias políticas dos oficiais e isto não passava de uma mera “forma aparente”, que podiam deixar de servir e em breve lhes foi dado a conhecer que tinham mesmo o dever de lhe ditar a sua lei.

O capitão Roehm e seus companheiros escutavam estas lições e intuito de contribuírem para o regresso à ordem antiga, preparavam ações futuras, criando uma infinidade de organizações nacionalistas.

Foi ai que surgiu o DAP, Partido Trabalhista Alemão de Dexler, onde ingressou em setembro de 1919, Adolf Hitler, alcançando rapidamente o comando e a 8 de agosto de 1921 com o auxílio do capitão Roehm converteu-o no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que contava com apenas 68 membros na sua origem e em novembro de 1921 já contava com 3000, graças a uma intensa propaganda, principalmente em relação ao armistício de novembro de 1918, onde os militares pregavam que houve uma traição, chamando-os de “criminosos de novembro”, e aí surgiu uma equipe especial para-militar, denominada S.A., Sturmabteilung - Seção de assalto.

Em novembro de 1919, um recruta de escol inscreveu-se no Partido, o capitão Hermann Goering, glorioso piloto de guerra, último chefe da célebre esquadrilha de caça Richthofen e que se tornaria chefe da futura Força Aérea Alemã, Luftwaffe.

Os melhores agentes recrutados pelo Partido foram os militares, que formavam os quadros da S.A. da qual Ernst Roehm transformou num verdadeiro exército, que ameaçou rapidamente o Governo e ultrapassou em número e potência a própria Reichswehr, todavia, não se tratava de lutar contra o Exército, porquanto este fornecia o seu apoio, armas, quadros ocultos e muitas vezes, dinheiro.

Em abril de 1923, as S.A. ficaram na posse de depósitos de armas secretas do Exército e, em setembro do mesmo ano, o General Von Lossow, em Munique, recusou interditar o jornal Völkischer Beobachter, defensor do novo Partido, o que lhe valeu a exoneração de suas funções.

O tema defendido pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, comoviam as fibras sensíveis dos militares, assemelhando-se aos dos seus cursos de pensamento cívico, que eram:


- Supressão do Parlamentarismo


- Concentração do Poder num Estado forte, dirigido por um chefe responsável, que consulte o povo através de plebiscitos.


- Nada de Constituição, sistema inútil que impede a evolução.


- O Estado não tolerará adversários, que fazem sempre o jogo do inimigo.


- Nada de imprensa de oposição, portanto ausência de “traição”, de partidos opostos que minam o poder.


- Somente deve contar o interesse nacional.

Toda a astúcia consiste em identificar o Partido no poder com a própria Pátria, estratagema em que o Exército é pródigo. Para defender a Pátria, todos os meios se consideram aceitáveis, o indivíduo não conta, só existe como membro da coletividade, à qual tudo deve sacrificar e é imposta, portanto, uma disciplina absoluta, uma obediência total ao chefe e por esse motivo, os intelectuais deverão ser vigiados e eliminados sem piedade, no caso de “perigosos para o País”, isto é, hostis ao regime.

A estes princípios juntavam-se todos os argumentos do racismo, como, valor do sangue puro, do sangue nórdico, superioridade da raça germânica e como escreveu Adolf Hitler, “Podemos, com toda a confiança, ir ao limite da desumanidade, se conseguirmos trazer de volta ao povo alemão a sua felicidade”.

Enquanto o Partido crescia, outros se esforçavam em conquistar o poder, como o “putsch” realizado pelo Major Buchdrücker, que falhou, mas deu coragem a Hitler a realizar um golpe de estado a 9 de novembro de 1923 em Munique, tentando derrubar o governo da Baviera, tendo como principal aliado o General Eric Von Ludendorf, oficial íntegro do Exército Imperial Alemão, combatente dos mais respeitados durante a Primeira Guerra Mundial, mas este golpe não deu certo, morrendo na ocasião 14 pessoas e ficando feridas 50.

Adolf Hitler foi preso e condenado, ficando preso no Presídio Militar de Landsberg sobre o Lech, onde escreveu o livro “Mein Kampf”, onde coloca suas idéias sobre o novo momento político alemão, sendo solto em 20 de dezembro de 1924, após treze meses e vinte dias de detenção.

De 1924 a 1932, os partidos de esquerda não cessaram de melhorar as suas posições nas eleições, com um aumento de 3.329.000 de votos em oito anos, vitórias estas, relativas, pois o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães conseguiu a adesão de 3.000.000 de eleitores inscritos em 1930 e conseguiram o apoio dos partidos de direita, de centro-direita e de centro, sendo que estes mesmos partidos foram os que nas eleições de fevereiro de 1925, colocaram na Presidência da Alemanha o Marechal Paul Von Hindenburg, militar de grande prestígio do antigo Exército Imperial.

Em 30 de maio de 1932, o Presidente demitiu o Chanceler Brüning e chamou Von Papen, representante da Reichswehr, para lhe suceder e a 14 de junho levantou a interdição das S. A. e do uso do uniforme, que lhe foi imposta pelo antigo Chanceler e com isto, tornou-se clara a sua posição, ocasionando por ocasião da reunião da Associação Nacional dos Antigos Oficiais Alemães, realizada em Berlim no princípio de setembro de 1932, a explicação do Deputado nacionalista Everling da tribuna: “O Chanceler Von Papen empenha-se energicamente em desobstruir os últimos escombros do edifício republicano de Weimar, a fim de reconstruir o Reich em bases novas”.

Von Papen exonerou os altos funcionários republicanos, os governadores de províncias e substitui-os por nacionalistas, e desimpediu o acesso ao poder que tanto o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães desejava, e isto ocorreu nas eleições de julho de 1932, quando conseguiu 230 lugares no Reichstag, tornando-se o Partido mais poderoso da Alemanha e a 30 de agosto, Hermann Goering foi eleito Presidente do Reichstag.

Esta transição inevitável não parecia ter sido prevista tanto pelos partidos de direita como pelos militares que faziam o jogo dos nazistas, já que não previam que o poder caísse na sua totalidade nas suas mãos, aos quais supunham incapazes de governar e desejavam apenas utilizar o seu dinamismo para reabilitar os valores tradicionais e reconquistar os seus privilégios e em troca davam a eles, participação no governo.

Em nova eleição realizada em novembro de 1932, os nazistas perderam 34 cadeiras no Reichstag, o que ocasionou a demissão de Von Papen cinco dias após as eleições, sendo substituído por Von Schleicher, que após perder a maioria e ser atacado sem descanso, demitiu-se em 28 de janeiro de 1933.

A 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler, apoiado por Von Papen, foi chamado a formar o novo gabinete, já que o Marechal Paul Von Hindenburg julgara rodear-se de garantias ao colocar Hitler como Chanceler, Von Papen Vice-Chanceler e Comissário do Reich na Prússia e o General Von Blomberg como Ministro da Guerra.

Com a morte do Presidente dezenove meses depois, Hitler anunciou que os cargos de Presidente e Chanceler estavam agora reunidos e que ele próprio era o supremo governante do Estado e Comandante-Chefe de todas as Forças Armadas.

Sua primeira ordem ao Exército foi para que fizesse um voto de fidelidade e obediência a ele pessoalmente e não à Constituição ou ao País.

“Por Deus eu faço esse juramento sagrado: prestarei obediência incondicional ao Führer do Reich e do Povo Alemão, Adolf Hitler, Comandante-Supremo das Forças Armadas, e estarei pronto como um bravo soldado a dar minha vida, a qualquer momento, pelo meu Führer”.

Transformou um Estado arrasado e desrespeitado pelos países vencedores da I Guerra Mundial em um poderoso Estado e em agosto de 1934, Hitler passou a dispor de poder absoluto e com isto a 30 de junho ordenou um expurgo, onde foram executados Ernst Roehm, o ex-Chanceler General Von Schleicher entre outros.

Todo o sistema parlamentar da República de Weimar foi dissolvido, todos os partidos políticos exceto o nazista foram proibidos, a criação de qualquer tipo de organização política não nazista era passível de prisão em campos de concentração, a liberdade de expressão cultural nas artes e na literatura deixou de existir, os direitos civis e a igualdade de cidadania foram suprimidos.

Durante quatro anos Hitler organizou o Estado Nazista Alemão numa maquina diplomática e militar que violava a maioria das cláusulas do Tratado Versalhes.

Criou a Luftwaffe, introduziu o alistamento militar compulsório, ocupou com suas tropas a Renânia desmilitarizada pelo Tratado de Versalhes, retirou-se da conferencia mundial do desarmamento, abandonou a filiação da Alemanha à Liga das Nações, celebrou uma prestigiosa concordata com o Vaticano e um pacto de não-agressão com a Polônia. Nesses quatro anos os alemães testemunharam a recuperação econômica da nação alemã e o aumento das suas Forças Armadas.

Na primavera de 1938, Hitler já estava bastante forte para empreender a invasão da Áustria e anexá-la ao Reich alemão e no mesmo ano ocupou o território da região dos Sudetos e seis meses depois ocupou militarmente a Boêmia, Moravia e Memel e o Estado livre de Danzig foi proclamado parte do Reich alemão e a 1º de Setembro de 1939 a Polônia foi invadida ao amanhecer, surgindo daí a II Guerra Mundial, que acarretou à Nação Alemã um fim trágico, a sua divisão territorial, mas em 1989, conseguiu sua reunificação, a primeira foi com Otto Von Bismarck, em 1870.

O regime nazista dava importância à raça, aos esportes, ou seja, o corpo em primeiro lugar, e como conseqüência, o desenvolvimento intelectual e o Estado tinha como finalidade a conservação e o progresso de uma coletividade sob o ponto de vista físico e espiritual e como ele era o meio para um fim, deveria proporcionar emprego para seis milhões de desempregados e o fim da inflação galopante, onde a cédula só era tingida em um dos lados, pois não havia tempo suficiente para esperar que ela entrasse em circulação.

Com os EUA na guerra, a vitória pende para o lado das democracias, mas aí surge uma nova Europa, dividida, de um lado os países democráticos e do outro, os dominados pelo poderio soviético, conforme ficou acertado no encontro de Ialta, em fevereiro de 1945, no final da guerra, onde Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill e Joseph Stálin, decidiram o futuro da Europa.

Os Estados Unidos da América e a Inglaterra aceitaram a anexação das Repúblicas Bálticas, da Ucrânia e de um pedaço da Polônia, anexada pela URSS em 1939, após o tratado de não agressão entre a Alemanha e a própria URSS, em 22 de agosto de 1939, onde esses dois países, então aliados, repartiram a Polônia, agora os Soviéticos a ocupariam toda.

Ficou acertado que a URSS manteria o controle sobre o leste europeu, e aí estava iniciada a “Guerra Fria”, com dois blocos, a URSS apoiando movimentos nacionalistas no terceiro mundo e os EUA, querendo conter o avanço do comunismo, apoiaram todas as ditaduras de direita que evitassem as reformas sociais que pudessem prejudicar empresas americanas e esta situação só foi terminar de 9 para 10 de novembro 1989, com a queda do muro de Berlin e por conseguinte com a União Soviética.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, temos como fator preponderante, o surgimento de um Tribunal Internacional para julgar crimes de guerra, mas o que vimos foi um linchamento, pois crime por crime, as bombas lançadas sobre o território japonês em agosto de 1945 e a chuva de bombas que mataram milhares de civis alemães, também o foram e nem por isso os que comandaram aquelas atrocidades, foram parar no banco dos réus em Nuremberg, um julgamento mais político do que jurídico.

A história nos tem mostrado que apenas o vencedor leva vantagem, conta a sua verdade e impõe condições, muitas questionáveis, como Nuremberg, onde funcionou o Tribunal Militar Internacional, o embrião do atual Tribunal Penal Internacional, o qual os Estados Unidos da América se negam a aceitar, isto porque sabem que os atos praticados pelos seus soldados não estão de acordo com as regras internacionais para conflitos armados, não respeitando e violando os Direitos Humanos, mas claro, não respeita a própria ONU.

O espetáculo dos líderes alemães depostos, tendo suas vidas submetidas a julgamento, dá ao mundo do pós-guerra um espetáculo nos melhores moldes de Hollywood, e esse procedimento judicial não foi o primeiro e nem será o último da história, pois outros já haviam sido responsabilizados por infringirem as regras da guerra.

Os julgamentos foram criticados ao longo dos anos após o evento, em relação aos dois delitos incorporados à Carta do Tribunal, ou seja, “Crimes contra a Paz”, que englobava “planejar ou travar guerra de agressão, ou guerra que viole tratados internacionais” e “Crimes de Guerra”, que são “Violação das Leis ou Costumes de Guerra”, isto porque tivemos as invasões de Suez, Hungria, Tcheco-eslováquia, Indochina, ou Vietnã, onde não faltaram atrocidades ao ser humano, submetidos à morte, à tortura, ao seqüestro, enfim a todo tipo de barbárie praticada pelos países que montaram o “espetáculo Nuremberg”.

Os “Crimes de Guerra” nunca foram cometidos pelos vencedores e sempre pelos vencidos, o que causa preocupação na consciência dos homens racionais.

Na guerra, infelizmente, o ser humano toma atitudes não compatíveis ao seu modo de ser, tornando-se até um ser irracional, cometendo crimes que numa outra situação não cometeria, como foram os casos do linchamento de Benito Mussolini, morto em 29 de abril de 1945 e pendurado em praça pública de cabeça para baixo ao lado de sua amante, Clara Petacci, totalmente inocente, aviadores de ambos os lados vítimas de linchamento quando caiam em território inimigo, mulheres russas, alemães, e de muitas outras nacionalidades, estupradas por soldados adversários a pretexto de vingança, ou seja, numa guerra, a barbárie infelizmente acontece.

Como guerra de agressão, que foi tipificado no Tribunal de Nuremberg, e que os alemães pagaram caro, os EUA vêm cometendo ao longo de sua história, e as três últimas foram o Vietnã, o Afeganistão e o Iraque. A do Vietnã, foi sangrenta, com o aniquilamento sistemático de sua população, por armas químicas, bombas incendiárias, e de fragmentação, bombardeios diuturnos a cidades e destruição de aldeias inteiras.

O povo lutava contra a ocupação de seu País e acabou triunfando, expulsando os americanos e readquirindo a sua soberania e como epílogo, temos a frase de Robert McNamara, Secretario de Defesa dos EUA, numa autocrítica à guerra, que é o prefácio de seu livro, “Nós que participamos das decisões sobre o Vietnã nos governos Johnson e Kennedy, agimos de acordo com o que pensávamos ser os princípios e as tradições desse país. Tomamos nossas decisões à luz desses valores. No entanto, estávamos errados, terrivelmente errados”.

No Afeganistão, foi diferente, apoiaram e armaram as guerrilhas comandadas por Osama bin Laden para fazerem frente à URSS, o que acabou acontecendo, os soviéticos foram expulsos do país. Os Talibãs protegeram o chefe guerrilheiro, mas não adiantou nada, o País foi invadido e ocupado pelos EUA e é, ainda hoje, um pesadelo.

O Iraque foi ajudado e incentivado na guerra contra o Irã dos Aiatolás, e foi também armado pelos EUA, mas errou estrategicamente ao invadir o Kuwait, fazendo com que os EUA, tendo como Presidente George Bush, o pai, o expulsasse, mas deixando, mesmo assim, Saddam Hussein no poder. Após a invasão e expulsão, o Iraque ficou dez anos sofrendo um embargo que depauperou o País, fazendo com que seu povo sofresse muito, com a fome e morte de muitas crianças, por falta até de medicamentos, o que foi uma barbaridade, mas facilmente esquecida. Hoje existe uma resistência à dominação americana, mas isso teria que acontecer, pois nenhuma Nação aceitaria ser dominada por nenhuma outra.

Temos grandes exemplos disso, o primeiro podemos citar o israelense Menachem Begin, um dos fundadores do Estado de Israel, que liderou ataques terroristas, como o do Hotel King David, em Jerusalém, para expulsar os ingleses, acabou sendo eleito Primeiro-Ministro e ainda recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

A resistência a qualquer invasão é um ato legítimo de defesa pátrio, e que temos como exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada, a famosa “Resistência Francesa ou Maquis”, que até hoje é cantada em prosa e versos e assim como a resistência dos Partizans Iugoslavos e que, claro, ambas tiveram o  apoio americano, mesmo praticando atos terroristas sangrentos.

Para finalizarmos, temos as palavras do Subsecretário de Defesa dos Estados Unidos da América, Paul Wolfowitz, que parodiando o Presidente Theodoro Roosevelt, declarou que os EUA eram a polícia do mundo:

“A liderança militar americana deve comprovar que nossos amigos serão protegidos, os inimigos serão punidos e quem não nos apoiar vai se arrepender”.

Após estas palavras, o que podemos concluir é que o mundo e todos os cidadãos que prezam a liberdade, infelizmente, ou abaixam a cabeça subservientemente aos Estados Unidos da América para serem “protegidos” ou se preparem para virarem prisioneiros sem Direitos Fundamentais nas Guantânamos existentes em países subservientes. 

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